Alexandre Orion
O prêmio, de 2012, é uma obra de Alexandre Orion que usou como pigmento a fuligem expelida por escapamentos de veículos automotores
Pode abrir o armário e escolher: será o ar que você respira? O gás que usa para preparar o jantar? O pão na chapa feito com farinha branca, o açúcar refinado que adoça o café? O sexo, a carne? O remédio que toma para dormir ou o baseado que fuma para relaxar? A fofoca entre amigos? Um comentário odioso no Facebook? O sentimento de culpa?
Estamos nos envenenando, muitas vezes sem perceber, tantas são as distrações e as substâncias que tornam nossa vida mais palatável. Mas também fazemos parte de uma geração que questiona a origem de nossos alimentos, a cadeia de produção de bens de consumo, os medicamentos receitados, o uso recreativo e medicinal da maconha, os prazeres proibidos. E que busca alternativas viáveis para que nos tornemos mais conscientes na hora de escolher nosso estilo de vida.
É do veneno que esta edição da Trip bebe – sem se intoxicar. Conversamos com personalidades de diferentes áreas para identificar problemas e soluções. Há exemplos bons e tétricos. Em alguns casos, problemas cuja origem (e consequências) ignoramos nos castigam mais do que podemos imaginar; outros que pareciam grandes já arrefecem.
Nas próximas páginas, o debate vem dividido em quatro blocos de reflexão: veneno no ar, sobre a questão ambiental; na comida, sobre o que cerca a alimentação hoje; no corpo, sobre o uso de drogas; na mente, sobre os sentimentos que podem envenenar. Trazemos ponto e contraponto, em depoimentos exclusivos e inspiradores para novas atitudes – e novos antídotos.